Biografia

Minha vida dentro do movimento Hip Hop
Enquanto editava as cenas colhidas para o clipe do grupo Viela 17, em mais uma madrugada quente em Cidade Ocidental, parei por um instante e lembrei de tudo o que passei na minha vida dentro do Hip-Hop e fora dele até chegar a esse estágio da vida: um cara de mais de 30 anos, diretor de vídeos clipes de Rap.

Sei de muita gente que gostaria de estar no meu lugar. Trabalhar por conta própria, criar e desenvolver minha concepção daquilo que considero ideal. Transformar as palavras em imagens, levar a cara do movimento a todos os fãs do gênero. Fazer com que os artistas sejam conhecidos, dar corpo ao que era apenas sons, mostrar que as palavras tem o poder de se materializar dentro da tela de TV.

Tudo começou em Cidade Ocidental, quando minha paixão pelos qaudrinhos deu lugar à paixão pela música. Especialmente pela dança. O Funk era a dança do momento, que logo cederia lugar ao Break Dance, que por sua vez seria um elemento do Movimento Hip-Hop que nascia.

Havia dezenas de grupos de Dança na cidade que participavam regularmente de concursos de dança promovidos nas boates locais, em especial a Hollyday, cujos eventos movimentavam a cidade, trazendo pessoas de todos os locais do DF por sua proximidade com a capital federal.

Sonho
"Meu sonho é dançar como esses caras", fantasiava um garoto de cabelo black e tênis All Star enquanto olhava embevecido as performances de cinco caras uniformiados que dançavam sob o som black que tocava na boate. Entre os grupos e cantores preferidos estavam Zapp, Cameo, One Way, Kurtis Blow, Whodini e Run DMC. Esse garoto sonhador era eu.

Muitos se sentiam hipnotizados pela música e pela dança naquele local que para nós era mágico, onde todos os finais de semana, religiosamente batiamos o ponto. Tudo pela música e pela dança. Me lembro que na época poucos bebiam, com medo de terem suas performances na pista prejudicadas. Fumar então nem pensar. Era coisa de derrotado. Cara que não dançava.

Um dia, após uma tentativa frustrada de entrar para um dos grupos famosos da época, um dos meu amigos de revistas em quadrinhos, perguntou: "não tem a moral de formar um grupo de dança?" Era a deixa que eu precisava. Foi como uma convocação para entrar no Quarteto Fantástico (grupo de heróis dos quadrinhos). Esse amigo era o André Brito. Cara apaixonado como eu pelo Movimento e por quadrinhos.

E lá fomos nós. Juntamos mais uns caras e conquistamos vários prêmios de dança e nos firmamos como lendas da dança na Cidade, que culminaria com uma apresentação do extinto programa da TV Brasília, Brinca Carranquinha, em dezembro de 1989. Após o programa, que era ao vivo, desembarcamos na cidade como Neal Armstrong e os outros astronautas que voltavam da lendária viagem à lua. Cheios de glória!



Na TV
Paralelamente a todos esses acontecimentos, eu trilhava meu caminho na TV. Admitido na TV Apoio como faxineiro, fui galgando posições até me tornar apresentador de vários programas, entre eles o Programa Garagem, Na Bagagem e outros. Mas o mais famoso foi o Hip-Hop na Tela, que permaneceu no ar por cerca de 5 anos, sempre aos sábados, com reprises aos domingos e com três horas de duração.

Atingindo milhares de jovens entre os 14 e 35 anos, todos fãs de Hip-Hop, promovi concursos de Rap, com premiações para os melhores, apresentações de Rappers locais e outros artistas ligados à Black Music, DJs, produtores, artistas consagrados do meio, video clipes e muita informação ligada ao Hip-Hop.

Pelo nosso programa, que funcionava nos estúdios onde hoje é sede da TV Canção Nova, passaram caras como DJ Jamaika, Kabala (hoje Rivas, ambos irmãos do grupo Álibi), Cirurgia Moral, Versos ao Verbo, Vera Verônica e DJ Chokolaty, Thaíde e DJ Hum.

Projeto Social
Toda essa bagagem, acumulada depois de muitos anos, nunca me fez esquecer de onde eu vinha: A periferia. Entorno da Capital Federal. Por isso eu precisava passar todo esse conhecimento adiante e fazer com os jovens da cidade, carente de ações culturais, tivessem uma oportunidade de aprender a fazer algo e quem sabe seguir uma carreira artística ou na TV.

Foi a partir daí que surgiu a idéia da Casa do Hip-Hop, cujos os conceitos podem ser lidos na página Projetos Sociais neste blog.

Elaboramos, eu e André Brito, parceiro desde os anos 1980, o dito projeto que visava aulas de Break, Graffitti, edição de áudio e vídeo, inglês e etc.

Em 2006/2007 começamos um piloto do projeto. Lecionamos Break Dance em um espaço cedido, para cerca de 150 alunos das escolas públicas e também para pessoas da comunidade em geral.

André, como professor da rede municipal de ensino, tocava um projeto de Graffitti Na Escola, que culminou com a pintura de toda a fachada externa no Ginásio Ayrton Senna, em Cidade Ocidental, que rendeu reportagem do Correio Braziliense e matéria na Revista Nova Escola, com indicação à prêmios e tudo o mais.